Ainda há flores na cidade, minúsculas,
entre os carros e o concreto, nas gretas.
As flores que caem ao sol da manhã,
tocando o chão, nem sempre verdadeiras.
O entardecer opaco solidifica o ar,
quente, pesado como chumbo.
Ao vermelho intenso, falta amar.
A flor não flor, o que será?
O que uma flor poderia,
se lhe falta a si mesma?
O que uma flor seria,
se não há flor, não floreia?
Ainda há flores na cidade, minúsculas,
entre os carros e o concreto, nas gretas.
As flores que esperam os amanhãs,
amanhãs tão distante das flores alheias.
A flor não flor, inocente utopia animalesca,
imagem distorcida, a verdade derradeira.
Flor de si mesma, não, nunca flor alheia,
um dia desejara, flor alheia tornar-se-ia.
A flor não flor, consciência de si mesma,
no fundo sabe, esperando amanhãs,
que enquanto, da greta, não flor, observar,
tudo ficará bem, sempre amanhecerá.
Será?
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