sexta-feira, 16 de novembro de 2007

O escritor sem palavras, as palavras do escriba

Sou o alcoólatra, a puta ao seu lado a esmolar e o preconceito fecundo e repugnante!
Sua a idéia intrínseca da ausência do bem, mal, bom ou ruim!
Sou cristo em sua orgia dionísica e satânica, o asco em seu olhar!
Sou o que reclama muito sem ter nada a dizer!

Sou o seu impulso social, a loucura reprimida e o bem coletivo na cinza negra que nos engole!

Sou a masturbação constitucional dos atos bem-intencionados!
Sou aquele que não almeja a vida, o que odeia a idéia de ser alguém, de vender o sofrimento individual e de vegetar em uma plantação alheia e desconhecida!

Sou a falsidade, a diferença e o egoísmo que você tanto repudia, sou a contra-cultura que consente calado nas injurias!

Sou o pervertido, o homossexual, a lésbica e o bissexual, sou o metamorfo imaginário e ideológico, eu sou todos, sou você e sou ninguém!


O tempo é cruel e aos poucos exila nossas almas transformando-nos em pessoas civilizadas! Ao menos uma vez em sua existência, mude significadamente sua vida, para que, ao seu fim não acabe vendo que sua essência escoou em um segmento linear e temporal, do qual seguiu um padrão tedioso criado por mentes doentias! Transforme sua curta e insignificante existência em uma lenda, em um mito, em um feito eterno e atemporal, pois nós somos únicos e sabemos onde poderemos chegar!


"Os limites se limitam apenas à mentes pequenas."

"Os que como eu, nada tem a dizer, do nilismo cético ao pessimismo poético, continuem a vagar, nesta terra tão distante, quanto sem fim."

terça-feira, 3 de julho de 2007

É tudo brincadeira!

É incrível como um simples sorriso, ou uma singela atitude de uma pessoa inocente para conosco pode transformar nossas vidas.

Todos nós temos aqueles dias em que cremos nas piores coisas possíveis e no quão ruim é a vida e seus eufemismos, porém ás vezes quando nós menos esperamos nos deparamos defronte um belo sorriso de uma criança na qual a maior preocupação é se divertir.


Nesse momento somos levados a pensar em como nossas vidas são simples e no tanto em que a complicamos com besteiras como problemas cotidianos. Não que essas coisas não sejam importantes, mas que na verdade merecem ser tratadas com menos importância e com mais diversão e felicidade. Já com as banalidades que sempre deixamos de reparar, comece-mos a dar mais importância, pois é nelas que encontraremos a felicidade.


Agora me digam, quanto vale o sorriso de uma criança?


(03/07/07)

domingo, 1 de julho de 2007

Pobre burguês social!

Esplêndido sol ensangüentado que ilumina árvores mortas
Dragões motorizados sempre se abatem entre ruas tortas
A sujeira moral se sobrepõe entre as calçadas das praças
O ar antes límpido agora só trás desilusões e desgraças

O bom cidadão burguês se apresenta na realidade social
Seu terno e seu pincenés escondem um espírito comedido
A felicidade de seus atos nobres se esvai pela mídia leal
O antro cravado pela mesmice de um dia organizado

Suas palavras um dia primogênitos escravizou
Com sua postura, hoje um menino pobre ele calou
Perfeitamente polido para quem o vê como senhor
Mas nunca feliz para quem sente o impregnante fedor

Em seu coração a agonia se exala ferozmente
Sua alma é um espectro cavalgando para o ar
No fim de sua vida luxuosa perceberá tristemente
Que há coisas nesse mundo impossíveis de comprar

A organização nos levou onde nunca ninguém chegou
Agora cada um vive seu mundo, o universo se multiplicou
Nunca se chocam, ao menor atrito nascem rios de lágrimas
Que limpam nossas vidas fazendo-nos esquecer as mágoas


Influência: Ode ao Burguês, de Mário de Andrade.


(29/06/07)

domingo, 24 de junho de 2007

Belladonnas da morte

Perecendo em campos de anêmonas
Roseiras feridas sangram a aurora
Ferido está a quimera da minha vida
E negros clarins clamam minha volta

Em algum campo de belladonnas da morte
Sozinho as brumas sussurram por mim
Pântanos aspergem um observar inerte
E chuvas traçam uma história sem fim

Tudo não passaria de devaneios?
Nos olhos apenas o fogo da mortalha
Não me deixe ausente tais anseios
Sem esta ilusão minha vida se exala

O pesadelo acabando com meu mundo
Destruindo tudo o que eu finjo amar
Arrastando tudo para a escuridão
Ao som do meu silencioso agonizar

Não consigo deter, agora irei lutar
Com você ao meu lado, tudo irá mudar
Na noite misteriosa, o ensejo do ar
Pois assim talvez sempre, poderei lhe amar


(25/06/07)

sexta-feira, 25 de maio de 2007

Loucura dialética

Retórica da incompreensão.

O que foram aqueles olhares,
nem narcolepsias me tentaram tanto a razão,
traziam não sei que aura negra e misteriosa,
em que arrastavam a compreensão para o desconhecido.


Lâminas fundentes que apenas alegavam uma nova visão.

De que ambos somos um e ninguém é único,
não passando, obstante,
do qual tudo parte e tudo se faz parte,
outrora ainda ninguém tem olhares assim,
e, mesmo se fizeres sangrar por dentro,
ao mesmo compasso, tiraste anos de reclusão,
conseguira não fazer de tudo para o prazer,
mas fizeste tudo possivel ao prazer vão
.

Só falta olhares à milhões,

e, quem sabe, as vidas não acabariam em si,
vãs...

Samsara

Parei na sarjeta, estonteado, atordoado, as pernas frouxas, o pensamento parecendo contrariar a razão. Não atreveria voltar - e passar por tais circunstâncias. Comecei a andar inconsciente entre alucinógenos e estopins, estacando sangue a me amparar. Continuava o martírio íntimo, vozes confusas a repetir, a ecoar, palavras inúteis que, porém, rasgavam-me as vísceras.

Hastes errôneas que passastes à direita ou à esquerda acusavam da morte que envolvia, e, logo dispersava trazendo arrepios e certo prazer que, ás vezes, dava-se feliz, sorrindo um ar de satisfação.


Utilizando o Samsara (fluxo incessante de renascimentos através dos mundos) como metáfora psicológica, podemos interpretar por meio de cuidadosa observação da mente que é possivel ver a consciência como sendo uma sequência de momentos conscientes ao invés de um contínuo de auto-consciência. Cada momento é a experiência de um estado mental específico: um pensamento, uma memória, uma sensação, uma percepção. Um estado mental nasce, existe e, sendo impermanente, cessa dando lugar ao próximo estado mental que surgir. Assim a consciência de um ser senciente pode ser entendida como uma série contínua de nascimentos e mortes destes estados mentais. Neste contexto o renascimento é simplesmente a persistência deste processo.

Come-te a ti mesmo

Consumir, consumir, consumir: este ou aquele, caro ou barato?
Não, sem desejar não vivem, até se matam pela satisfação dos apetites,
há guerras, discriminações, em grande parte ocasionadas por causa dele: o desejo.


Parece tão confuso...

Alegre-se...

É Copa!
É Carnaval!
É Natal!
É festa!

E festa farta para alguns, apenas alguns, uns poucos que gozam prazer "diante"
- o que não se vê, não se sente -, dos problemas-sociais
.

Consumir, consumir, consumir...

Rotulado, avaliado, constatado para a venda!
Olhar, degustar, tatear...
Sinestesia dos sentidos!

Odiar - por não compreender -,
gritar - não há o que dizer,
agredir - haveria como se defender?

Acabará?

Consumir, consumir, consumir...

"Come! Come-te a ti mesmo, oh gelatina pasma!
Oh! purée de batatas morais!"


Em itálico, trecho de Ode ao Burguês, de Mário de Andrade.

Nosce te ipsum

O anseio de escutar a verdade se complica com o temor de a saber. Era a primeira vez que aparecia assim, perto, envolvia, encarava com os olhos furados e escuros. Quanto mais andava, mais aterrava a idéia de a encontrar, obstante dor, sangue e lutas, nada mais importava além da verdade.

- Por quê?

Não me importa os mais temíveis flagelos, apenas a verdade oculta e íntima importa, aquela cujo carregam onde nem mesmo conhecem, - se de fato há algum lugar sobre o qual carregar. Aquela que poderia acabar com todos os males ou causá-los em circunstâncias drásticas.

Haveria razão de viver, a não ser verdadeiramente?

Onde pode haver a mais pura verdade, a não ser em nós mesmos, e, cujo nem mesmo a conhecemos?


Nosce te ipsum (Conhece-te a ti mesmo) é um aforismo grego que segundo a tradição estaria inscrito nos Pórticos do Templo de Apolo em Delfos, na Antiga Grécia. É uma pedra-angular da filosofia de Sócrates e do seu método, a maiêutica, e é muito citado pelo filósofo nos relatos de Platão (Alcibíades, 128d-129) e Xenofontes (Memoráveis, IV, II, 26).
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