Retórica da incompreensão.
O que foram aqueles olhares,
nem narcolepsias me tentaram tanto a razão,
traziam não sei que aura negra e misteriosa,
em que arrastavam a compreensão para o desconhecido.
Lâminas fundentes que apenas alegavam uma nova visão.
De que ambos somos um e ninguém é único,
não passando, obstante,
do qual tudo parte e tudo se faz parte,
outrora ainda ninguém tem olhares assim,
e, mesmo se fizeres sangrar por dentro,
ao mesmo compasso, tiraste anos de reclusão,
conseguira não fazer de tudo para o prazer,
mas fizeste tudo possivel ao prazer vão.
Só falta olhares à milhões,
e, quem sabe, as vidas não acabariam em si,
vãs...
sexta-feira, 25 de maio de 2007
Samsara
Parei na sarjeta, estonteado, atordoado, as pernas frouxas, o pensamento parecendo contrariar a razão. Não atreveria voltar - e passar por tais circunstâncias. Comecei a andar inconsciente entre alucinógenos e estopins, estacando sangue a me amparar. Continuava o martírio íntimo, vozes confusas a repetir, a ecoar, palavras inúteis que, porém, rasgavam-me as vísceras.
Hastes errôneas que passastes à direita ou à esquerda acusavam da morte que envolvia, e, logo dispersava trazendo arrepios e certo prazer que, ás vezes, dava-se feliz, sorrindo um ar de satisfação.
Utilizando o Samsara (fluxo incessante de renascimentos através dos mundos) como metáfora psicológica, podemos interpretar por meio de cuidadosa observação da mente que é possivel ver a consciência como sendo uma sequência de momentos conscientes ao invés de um contínuo de auto-consciência. Cada momento é a experiência de um estado mental específico: um pensamento, uma memória, uma sensação, uma percepção. Um estado mental nasce, existe e, sendo impermanente, cessa dando lugar ao próximo estado mental que surgir. Assim a consciência de um ser senciente pode ser entendida como uma série contínua de nascimentos e mortes destes estados mentais. Neste contexto o renascimento é simplesmente a persistência deste processo.
Hastes errôneas que passastes à direita ou à esquerda acusavam da morte que envolvia, e, logo dispersava trazendo arrepios e certo prazer que, ás vezes, dava-se feliz, sorrindo um ar de satisfação.
Utilizando o Samsara (fluxo incessante de renascimentos através dos mundos) como metáfora psicológica, podemos interpretar por meio de cuidadosa observação da mente que é possivel ver a consciência como sendo uma sequência de momentos conscientes ao invés de um contínuo de auto-consciência. Cada momento é a experiência de um estado mental específico: um pensamento, uma memória, uma sensação, uma percepção. Um estado mental nasce, existe e, sendo impermanente, cessa dando lugar ao próximo estado mental que surgir. Assim a consciência de um ser senciente pode ser entendida como uma série contínua de nascimentos e mortes destes estados mentais. Neste contexto o renascimento é simplesmente a persistência deste processo.
Come-te a ti mesmo
Consumir, consumir, consumir: este ou aquele, caro ou barato?
Não, sem desejar não vivem, até se matam pela satisfação dos apetites,
há guerras, discriminações, em grande parte ocasionadas por causa dele: o desejo.
Parece tão confuso...
Alegre-se...
É Copa!
É Carnaval!
É Natal!
É festa!
E festa farta para alguns, apenas alguns, uns poucos que gozam prazer "diante"
- o que não se vê, não se sente -, dos problemas-sociais.
Consumir, consumir, consumir...
Rotulado, avaliado, constatado para a venda!
Olhar, degustar, tatear...
Sinestesia dos sentidos!
Odiar - por não compreender -,
gritar - não há o que dizer,
agredir - haveria como se defender?
Acabará?
Consumir, consumir, consumir...
"Come! Come-te a ti mesmo, oh gelatina pasma!
Oh! purée de batatas morais!"
Em itálico, trecho de Ode ao Burguês, de Mário de Andrade.
Não, sem desejar não vivem, até se matam pela satisfação dos apetites,
há guerras, discriminações, em grande parte ocasionadas por causa dele: o desejo.
Parece tão confuso...
Alegre-se...
É Copa!
É Carnaval!
É Natal!
É festa!
E festa farta para alguns, apenas alguns, uns poucos que gozam prazer "diante"
- o que não se vê, não se sente -, dos problemas-sociais.
Consumir, consumir, consumir...
Rotulado, avaliado, constatado para a venda!
Olhar, degustar, tatear...
Sinestesia dos sentidos!
Odiar - por não compreender -,
gritar - não há o que dizer,
agredir - haveria como se defender?
Acabará?
Consumir, consumir, consumir...
"Come! Come-te a ti mesmo, oh gelatina pasma!
Oh! purée de batatas morais!"
Em itálico, trecho de Ode ao Burguês, de Mário de Andrade.
Nosce te ipsum
O anseio de escutar a verdade se complica com o temor de a saber. Era a primeira vez que aparecia assim, perto, envolvia, encarava com os olhos furados e escuros. Quanto mais andava, mais aterrava a idéia de a encontrar, obstante dor, sangue e lutas, nada mais importava além da verdade.
- Por quê?
Não me importa os mais temíveis flagelos, apenas a verdade oculta e íntima importa, aquela cujo carregam onde nem mesmo conhecem, - se de fato há algum lugar sobre o qual carregar. Aquela que poderia acabar com todos os males ou causá-los em circunstâncias drásticas.
Haveria razão de viver, a não ser verdadeiramente?
Onde pode haver a mais pura verdade, a não ser em nós mesmos, e, cujo nem mesmo a conhecemos?
- Por quê?
Não me importa os mais temíveis flagelos, apenas a verdade oculta e íntima importa, aquela cujo carregam onde nem mesmo conhecem, - se de fato há algum lugar sobre o qual carregar. Aquela que poderia acabar com todos os males ou causá-los em circunstâncias drásticas.
Haveria razão de viver, a não ser verdadeiramente?
Onde pode haver a mais pura verdade, a não ser em nós mesmos, e, cujo nem mesmo a conhecemos?
Nosce te ipsum (Conhece-te a ti mesmo) é um aforismo grego que segundo a tradição estaria inscrito nos Pórticos do Templo de Apolo em Delfos, na Antiga Grécia. É uma pedra-angular da filosofia de Sócrates e do seu método, a maiêutica, e é muito citado pelo filósofo nos relatos de Platão (Alcibíades, 128d-129) e Xenofontes (Memoráveis, IV, II, 26).
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